Em uma decisão marcante, o Knesset, o parlamento israelense, votou nesta quarta-feira a favor de uma declaração governamental que rejeita o reconhecimento "unilateral" de um Estado Palestino. Essa votação simbólica, que contou com 99 dos 120 legisladores apoiando a medida, sublinha a posição de Israel de que qualquer acordo de paz com os palestinos deve emergir de negociações diretas, sem a imposição de condições externas.
A resolução, inicialmente apresentada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e aprovada por unanimidade pelo seu gabinete no domingo, estabelece que "um acordo, se alcançado, ocorrerá exclusivamente através de negociações diretas entre as partes, sem condições prévias". Esta posição, segundo críticos, confere a Israel o poder de veto sobre a criação de um Estado palestino, uma interpretação que tem gerado debates acalorados.
Netanyahu destacou a unanimidade quase completa da votação como um sinal forte para o mundo. "Esta votação envia uma mensagem clara à comunidade internacional", afirmou, em um momento em que os Estados Unidos e parceiros do Oriente Médio estavam relatados como finalizando um plano de paz que inclui a proposição de um Estado Palestino.
O primeiro-ministro reforçou sua rejeição a qualquer esforço internacional para reconhecer um Estado Palestino fora do contexto de negociações diretas, descrevendo tais iniciativas como "uma enorme recompensa ao terrorismo".
Por outro lado, a votação contou com o apoio de figuras da oposição, como Yair Lapid, e membros do gabinete de guerra, incluindo Benny Gantz, ex-ministro da Defesa, que ecoaram a necessidade de abordagens diretas e condenaram declarações unilaterais como incentivo ao terrorismo.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina criticou a decisão do Knesset, acusando Israel de obstruir os direitos palestinos através de assentamentos ilegais e reafirmando o direito à adesão plena às Nações Unidas sem a necessidade de aprovação de Netanyahu.
Enquanto isso, o governo americano, representado pelo secretário de Estado Antony Blinken, reiterou seu apoio à solução de dois Estados, indicando a continuidade das pressões internacionais por uma resolução pacífica e justa do conflito israelense-palestino.
A discussão sobre um novo acordo de paz, que sugeriria um cessar-fogo temporário e a troca de reféns, permanece em aberto, com negociações em andamento. A situação na região continua a ser um complexo desafio diplomático, com Israel mantendo sua posição contra reconhecimentos unilaterais e buscando garantir sua segurança e direitos através de diálogo direto.