PGR omite trechos que poderiam beneficiar Bolsonaro em nova denúncia

Acusação ignora contradições na delação de Mauro Cid e reforça narrativa política

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PGR omite trechos que poderiam beneficiar Bolsonaro em nova denúncia
Reprodução CNN Brasil

A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro, baseada na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, omite trechos que contradizem a tese da acusação. Enquanto a PGR sustenta que Bolsonaro estava ciente de um suposto plano conspiratório, deixa de lado declarações do próprio Cid que negam essa versão. O procurador-geral Paulo Gonet escolheu ignorar depoimentos em que o delator afirma não saber se o ex-presidente tinha conhecimento de um plano de assassinato de autoridades.

Em seus últimos depoimentos, Mauro Cid reiterou que Bolsonaro não demonstrou intenção golpista e que nunca recebeu ordens para qualquer ação nesse sentido. Além disso, áudios vazados indicam que Cid se sentiu pressionado a reforçar acusações frágeis para garantir o benefício da delação. A denúncia também vincula Bolsonaro ao monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, mas descarta a explicação de que a intenção era apenas saber de encontros com Hamilton Mourão, sem qualquer conotação conspiratória.

Omissões graves também aparecem na acusação contra militares, como no caso do general Estevam Theófilo, supostamente envolvido em um plano de exceção. Cid, porém, afirmou que Theófilo jamais passaria por cima da hierarquia militar. A denúncia da PGR demonstra um padrão preocupante: selecionar trechos convenientes da delação e ignorar aqueles que desconstroem a narrativa de um suposto golpe. O caso expõe mais uma vez o uso seletivo da justiça para perseguir opositores e alimentar um enredo já desgastado.