O Brasil encerrou o ano de 2023 com um crescimento econômico de 3%, conforme apontam os dados recentes do Monitor do PIB, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). Divulgado na segunda-feira (19/2), o estudo revela um incremento de 0,1% no Produto Interno Bruto durante o quarto trimestre, comparado ao trimestre anterior, e um aumento de 0,6% em dezembro, em relação a novembro.
A economista Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, destaca a importância da agropecuária nesse cenário, responsável por cerca de 30% do crescimento anual. "A agropecuária foi fundamental para o desempenho do PIB de 2023, com destaque para a cultura da soja na região Centro-Sul do país", explica Trece. A especialista também aponta para a concentração setorial e regional do crescimento, evidenciando desigualdades na distribuição dos avanços econômicos pelo território nacional.
Além da agropecuária, o setor de serviços e a indústria também tiveram performances notáveis em 2023. Enquanto o setor de serviços apresentou um crescimento generalizado, a indústria mostrou um padrão mais heterogêneo. Do ponto de vista da demanda, o consumo das famílias e as exportações excederam o crescimento do PIB, registrando taxas de 3,2% e 9,5%, respectivamente.
O consumo familiar, impulsionado principalmente pelo setor de serviços, cresceu 3,2% ao longo do ano, apesar de uma desaceleração observada nos últimos meses. O consumo de bens duráveis, por sua vez, teve um aumento de 3,8%, mostrando uma tendência de estabilidade no decorrer do ano.
Entretanto, a economia brasileira enfrenta desafios no que tange aos investimentos. A taxa de investimento situou-se em 18,1% em 2023, marcando uma continuidade na tendência de queda observada desde 2022 e permanecendo abaixo da média histórica de 19,2% registrada desde o ano 2000. Esse dado sublinha a necessidade de estímulo à infraestrutura e ao desenvolvimento sustentável como elementos chave para um crescimento econômico mais robusto e equitativo no futuro.