Diante dos desafios impostos pela recente Lei Antidesmatamento da União Europeia, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil promoveu uma série de encontros decisivos. Reunindo representantes de quatro ministérios e líderes de associações do setor agropecuário, os diálogos focaram em estratégias para assegurar a continuidade das exportações agropecuárias do país, diante da nova legislação europeia.
Um dos destaques dessas reuniões foi a apresentação da Plataforma AgroBrasil+Sustentável, uma inovação desenvolvida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esta ferramenta digital, que se encontra em fase de elaboração pela Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI) do Mapa, promete ser um marco na organização e rastreamento de informações sobre a produção agrícola sustentável do Brasil. Sua função será de vital importância, não só para atender às exigências do mercado europeu, mas também para reafirmar a imagem do Brasil como um produtor agropecuário responsável e sustentável.
Durante os encontros, a secretária da SDI, Renata Miranda, enfatizou a importância estratégica da Plataforma, não apenas para a economia nacional, mas também para fortalecer a posição do Brasil nos mercados internacionais. Renata afirmou: “A partir da integração e organização dos dados da base produtiva, a plataforma vai possibilitar o acesso a uma série de serviços de habilitação a políticas públicas ou a acesso de mercados internacionais, por garantir transparência, credibilidade e rastreabilidade da produção agropecuária”.
Além disso, Renata destacou a motivação por trás da criação da Plataforma, que visa não apenas atender às exigências externas, mas também corrigir a imagem distorcida do agronegócio brasileiro no exterior. Ela ressaltou: “Nossa primeira motivação para a elaboração da Plataforma foi poder retratar, com exatidão, a sustentabilidade do agronegócio brasileiro e, com isso, desfazer a imagem negativa do país, uma vez que lá fora se costuma relacionar, erroneamente, nosso progresso com o desmatamento. A segunda seria mitigar o efeito da Lei Antidesmatamento, no que se refere à exclusão do pequeno produtor, o que é muito preocupante do ponto de vista da desigualdade e da questão de oportunidade ao longo do tempo”.
As reuniões, presididas pelo embaixador e diretor de Política Comercial do MRE, Fernando Meirelles, contaram com a participação de gestores e técnicos de diversas instituições e ministérios, incluindo representantes de missões do MRE em Bruxelas, Londres e Genebra, que participaram remotamente.
O embaixador Fernando Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial do MRE, enfatizou a importância de estabelecer um diálogo contínuo entre os ministérios e o setor produtivo. Ele disse: “é importante estabelecer um canal de diálogo regular com a participação de ministérios e do setor produtivo para avaliar os impactos da Lei Antidesmatamento europeia, atualizar os participantes sobre nossas ações junto à UE, compartilhar informações e apresentar potenciais alternativas, como a plataforma, que vai auxiliar os produtores nacionais a lidar com requisitos ambientais para acessar mercados estrangeiros".
Este encontro marca um momento crucial na história do agronegócio brasileiro, reforçando o compromisso do país com práticas sustentáveis e a luta contra a desinformação e injustiças internacionais. A Plataforma AgroBrasil+Sustentável surge como uma ferramenta chave não só para o monitoramento e reconhecimento das práticas sustentáveis já implementadas, mas também para assegurar a justiça e igualdade no acesso ao mercado internacional para todos os produtores brasileiros.