Um estudo recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) lançou luz sobre uma questão alarmante: a crescente presença da geração 'nem-nem' — jovens entre 18 e 24 anos que não estão inseridos no mercado de trabalho nem matriculados em instituições de ensino. Este segmento da população, conforme revelado pela pesquisa, poderia ter contribuído significativamente com R$ 46,3 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022.
A CNC, baseando-se em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nos salários médios do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), estimou que cada real adicionado à renda média dessa faixa etária teria um impacto positivo de R$ 1,6 milhões no PIB nacional. Esse cálculo sublinha a importância econômica de integrar essa parcela da população na economia ativa do país.
Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, alerta para as consequências a longo prazo dessa situação. Segundo ele, o Brasil está perdendo capacidade produtiva vital, pois a força de trabalho desta geração, que representa 36% da faixa etária em questão, tende a ser menos produtiva nos próximos 50 anos. Isso aponta para um futuro preocupante, onde a falta de integração desses jovens no mercado de trabalho e no sistema educacional pode levar a uma perda substancial de produtividade e inovação.
Um diagnóstico feito pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego,
em 2022, forneceu um panorama ainda mais detalhado. Dos 207 milhões de habitantes do Brasil, 17% são jovens de 14 a 24 anos. Destes, 5,2 milhões estão desempregados, representando alarmantes 55% do total de desocupados no país, que soma 9,4 milhões de pessoas. Este dado reflete não apenas uma crise de empregabilidade, mas também um desafio social e econômico de grandes proporções.
Além disso, entre os jovens desocupados, 52% são mulheres. A situação se agrava quando observamos que dos 7,1 milhões que compõem a geração 'nem-nem', 60% são mulheres, muitas delas mães com filhos pequenos. Essa realidade expõe uma lacuna profunda na inclusão de jovens, especialmente mulheres, no mercado de trabalho e no sistema educacional, reforçando a necessidade de políticas públicas mais eficazes e inclusivas.
A exclusão dessa parcela significativa da população jovem do Brasil do mercado de trabalho e da educação é um sintoma de falhas sistêmicas que necessitam de atenção imediata. A falta de oportunidades de emprego e educação para os jovens não só compromete o desenvolvimento individual, mas também limita o potencial econômico e social do país como um todo.
É imperativo que o Brasil reconheça e aborde essa questão com urgência. Iniciativas que visem à capacitação, à educação e à criação de empregos para essa geração são cruciais. Investimentos em educação técnica e profissional, incentivos para a inserção de jovens no mercado de trabalho, e políticas de apoio a jovens mães são passos fundamentais para reverter essa tendência preocupante.
Em resumo, a questão da geração 'nem-nem' não é apenas um problema econômico, mas um desafio moral e social que requer a atenção e a ação imediata do governo e da sociedade. O futuro do Brasil depende do aproveitamento do potencial de todos os seus jovens, garantindo que tenham as oportunidades necessárias para contribuir ativamente para o crescimento e o desenvolvimento do país.