Um recente estudo conduzido pela plataforma de currículos ResumeBuilder, em janeiro, revelou um cenário intrigante no mercado de trabalho: mais de 30% dos recrutadores demonstram uma preferência por trabalhadores de gerações mais experientes em detrimento dos jovens candidatos da Geração Z. A pesquisa aponta ainda que cerca de 30% desses jovens profissionais são desligados dentro de um mês após sua contratação.
A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre 1995 e 2010, está prestes a superar os Baby Boomers em número na força de trabalho, segundo dados do portal Glassdoor. Essa iminente mudança demográfica gera preocupações entre alguns gestores, que observam um hiato comportamental e de valores.
Problemas de comportamento e etiqueta profissional foram citados por profissionais de RH como barreiras no recrutamento da Geração Z: a adequação do vestuário, o contato visual, as expectativas salariais e a comunicação deficiente foram destacados. Já no ambiente de trabalho, traços de arrogância e dificuldades de gestão foram reportados.
"Qual o problema da Geração Z?", questionam os gestores. Apesar das diferenças culturais evidentes entre as gerações, é importante reconhecer que os jovens desta faixa etária possuem uma notável disposição para aprender e contribuir significativamente para as organizações, contanto que haja investimento em seu desenvolvimento.
A questão se aprofunda ao distinguir as dificuldades de "etiqueta versus caráter". Questões mais simples, como o modo de vestir e a linguagem corporal, contrastam com desafios mais complexos, como a ética de trabalho e a relação com colegas. Enquanto os primeiros são facilmente corrigidos, os segundos demandam uma avaliação mais criteriosa por parte dos recrutadores, buscando identificar potenciais que vão além das primeiras impressões.
Defendendo a Geração Z, é preciso considerar o contexto em que foram formados. A pandemia de Covid-19 atingiu muitos deles em momentos críticos de transição para a vida profissional, impedindo que tivessem o contato inicial com mentores experientes - um fator determinante para o desenvolvimento de bons profissionais.
Além disso, as novas realidades econômicas e o apelo de trabalhos remotos e flexíveis também os influenciaram. Contrariamente aos Baby Boomers, cujo sucesso era medido por conquistas profissionais, a Geração Z redefine o sucesso com foco no bem-estar pessoal e na liberdade.
As empresas, portanto, diante deste cenário de transição, são desafiadas a adaptar suas expectativas e métodos para extrair o melhor da Geração Z, harmonizando o legado dos mais experientes com a energia e a perspectiva inovadora dos mais jovens.