No discurso anual realizado em 19 de dezembro, Vladimir Putin pintou um quadro otimista da Rússia, destacando a suposta estabilidade econômica e avanços militares. Entretanto, seu silêncio sobre questões críticas, como a crescente pobreza e a repressão política, revela um cenário bem diferente. A retórica do Kremlin contrasta com a dura realidade enfrentada pelos cidadãos, onde 11,8 milhões vivem abaixo da linha da pobreza e o aumento nos preços básicos é justificado por afirmações triviais, como o consumo de carne pelos russos.
Enquanto exaltava avanços militares, como o sistema de mísseis Oreschnik, Putin evitou mencionar as tragédias humanas decorrentes da guerra na Ucrânia. Soldados permanecem meses sem sepultamento adequado, e a promessa de novos territórios conquistados é ofuscada pela crescente perda de vidas. Na esfera doméstica, as políticas de incentivo à natalidade fracassam, enquanto medidas autoritárias moldam o currículo escolar para reforçar o controle estatal sobre a cultura e a educação.
Além disso, a repressão política na Rússia atinge níveis alarmantes. Leis arbitrárias permitem a apreensão de bens de opositores, e organizações de direitos humanos alertam para o aumento de detenções e perseguições. Enquanto Putin promove uma imagem de força e avanço, a realidade demonstra uma sociedade cada vez mais controlada, com restrições crescentes às liberdades individuais e uma economia que não corresponde às promessas do líder russo.