Racha no PT: Diretor nacional da sigla pede impugnação da filiação de Marta Suplicy

Entre manobras políticas e conflitos ideológicos, a reintegração de Marta Suplicy ao Partido dos Trabalhadores desvela as fissuras internas e a luta pelo poder.

· 2 minutos de leitura
Racha no PT: Diretor nacional da sigla pede impugnação da filiação de Marta Suplicy
 Gervásio Baptista / Agência Brasil

A política brasileira, em sua incessante roda-viva, presenciou mais um capítulo de suas infindáveis reviravoltas com a reintegração de Marta Suplicy ao Partido dos Trabalhadores (PT). Este evento, ocorrido em um contexto de intensas disputas ideológicas e estratégicas, gerou um cenário de conflitos internos, ilustrando as profundas divisões que assolam o partido. Valter Pomar, destacado integrante da direção nacional do PT, emergiu como voz dissonante nesse processo, solicitando a impugnação da filiação de Marta, que aspira ao cargo de vice-prefeita de São Paulo.

"Baseio meu pedido nos prazos e condições estabelecidos pelo estatuto do PT," afirmou Pomar, delineando uma clara contestação às manobras políticas que facilitaram o retorno de Marta. Sua saída do PT em 2015, marcada por duras críticas à liderança do partido, até então, parecia definitiva. Após transitar pelo MDB e assumir um cargo significativo na prefeitura de São Paulo, a política parecia ter se distanciado irreversivelmente dos ideais petistas.

No entanto, o dia 8 de janeiro representou uma guinada surpreendente, orquestrada pelo próprio Luiz Inácio Lula da Silva, figura central do PT, que viu em Marta a candidata ideal para compor chapa com Guilherme Boulos (Psol), sob sua chancela. Esta decisão, contudo, não foi recebida com unanimidade, ecoando a indignação de Pomar entre as fileiras do partido.

Pomar argumenta que a impugnação deve ser deliberada pelo Diretório Nacional do PT, dada a relevância nacional do caso. Ele aponta a saída anterior de Marta do partido — acompanhada de acusações de corrupção contra membros do PT — e seu apoio a políticas vistas como antagônicas aos interesses dos trabalhadores, como a reforma trabalhista e o impeachment de Dilma Rousseff, como razões fundamentais para seu pedido.

Ademais, a participação de Marta em campanhas eleitorais opositoras ao PT em 2016, 2018, e 2020, além de sua recente associação com o governo municipal de São Paulo, são fatos que Pomar enfatiza para questionar a legitimidade de seu retorno. Sua desvinculação desse governo ocorreu somente após o convite para integrar a chapa com Boulos, um movimento que, para muitos, parece mais um cálculo político do que um alinhamento ideológico genuíno.

A saga de Marta Suplicy, portanto, não é apenas o relato de uma volta ao lar político, mas sim um espelho das turbulências que agitam o PT, revelando um partido em constante embate interno por direção e identidade. Em tempos de polarização e disputas acirradas, a história de Marta é um lembrete das alianças improváveis e das traições ideológicas que moldam o cenário político nacional, lançando sombras sobre a coesão e os princípios que o PT procura projetar.