Regime cubano tenta aplacar a ira da população com caminhões de comida

Protestos irrompem, mais uma vez, na ilha caribenha por falta de comida, energia elétrica e liberdade

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Regime cubano tenta aplacar a ira da população com caminhões de comida
Foto: YAMIL LAGE / AFP

A nação de Cuba enfrenta, novamente, um momento de fervor popular, clamando por necessidades básicas e, sobretudo, por liberdade. No último domingo, diversas cidades cubanas foram palco de protestos espontâneos, motivados pela constante falta de alimentos, energia elétrica, água potável e pela ausência de liberdade. Estas manifestações, as maiores desde julho de 2021, foram prontamente reprimidas pela força policial, acompanhadas pelo bloqueio do acesso à internet pela companhia estatal, numa clara tentativa de silenciar a voz do povo.

Na segunda-feira, numa tentativa de apaziguar os ânimos, o governo enviou caminhões de alimentos a Santiago de Cuba, epicentro das manifestações, com promessas do presidente Miguel Díaz-Canel de diálogo e explicações sobre esforços para melhorar a situação. No entanto, a situação crítica do país, exacerbada por um aumento de mais de 500% no preço do combustível e por uma inflação descontrolada, torna difícil acreditar em mudanças significativas. Com salários que não sustentam sequer a compra de uma caixa de ovos e apagões diários, o povo cubano se vê em desespero.

As tentativas do regime de culpar os "inimigos da Revolução" em Miami pelas manifestações não convencem mais. Artistas e personalidades públicas expressam seu apoio ao povo cubano, desmascarando as falhas do regime e a realidade de uma revolução que falhou em prover o básico à sua população.

A demissão do então ministro da Economia, Alejandro Gil Fernández, como um bode expiatório para os problemas econômicos do país, apenas sublinha a incapacidade do regime de assumir responsabilidades e buscar soluções reais. O governo atribui sua saída a "graves erros" e inicia uma investigação sobre corrupção, sem detalhar as acusações.

Os argumentos do governo cubano, que tentam desviar a culpa para ações externas e para o embargo econômico, perdem força diante da palpável frustração dos cubanos. Como apontado pelo escritor Ernesto Perez Chang, não é necessário nenhum "plano da CIA" para que o povo cubano sinta a necessidade urgente de mudança. Os problemas de Cuba são internos, fruto de décadas de uma gestão que não atende às necessidades de sua gente. O clamor por liberdade, justiça e dignidade é um grito que ecoa além das fronteiras da ilha, ressoando como um apelo por atenção e apoio internacional na luta contra a opressão e pela liberdade.