No vasto território brasileiro, dedicado em grande parte ao agronegócio, a pecuária se destaca em uma área de 200 milhões de hectares, abrigando cerca de 240 milhões de cabeças de gado bovino. Essa imensa cadeia produtiva, que vem passando por um processo de modernização e globalização, enfrenta o desafio de expandir seu alcance nos mercados interno e externo, superando barreiras sanitárias como a febre aftosa, que ocasionalmente afeta o comércio de carnes.
Atualmente, cerca de 80% da produção bovina brasileira é destinada à exportação, predominantemente in natura, gerando receitas da ordem de US$ 5 bilhões anualmente. Tal cifra, embora expressiva, poderia ser significativamente maior se o país adotasse estratégias de valor agregado, como a industrialização da carne antes de sua exportação. Este cenário remete à histórica exportação de café em estado bruto, uma estratégia econômica que se mostrou vulnerável a flutuações de mercado e crises internacionais.
A comparação entre os rendimentos da pecuária e os da Embraer, que com apenas 12 mil empregados alcança US$ 6 bilhões em vendas, ilustra a oportunidade perdida em termos de geração de valor e diversificação econômica. A lição é clara: a dependência de poucos produtos para exportação, como foi o caso do café nos séculos XIX e XX, representa um risco considerável. Em períodos de instabilidade econômica global, a diversificação da pauta exportadora pode ser a chave para a resiliência e o crescimento sustentável.
Para que o Brasil maximize o potencial de sua pecuária no cenário internacional, é imprescindível investir em inovação, tecnologia e na expansão de práticas de industrialização. Essas medidas não apenas aumentarão as receitas provenientes das exportações de carne, mas também permitirão uma melhor gestão do uso do solo, abrindo espaço para outras culturas e contribuindo para uma economia agrícola mais diversificada e menos suscetível a choques externos. A transformação da pecuária brasileira em uma fonte de produtos de maior valor agregado não é apenas uma oportunidade, mas uma necessidade estratégica para o avanço do país no mercado global.