Ricardo Nunes: “Não tem nenhum motivo para investigar o padre Júlio”

A Câmara Municipal de São Paulo pondera a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar atuações na Cracolândia, mas o prefeito se opõe à inclusão do sacerdote conhecido por seu trabalho humanitário

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Ricardo Nunes: “Não tem nenhum motivo para investigar o padre Júlio”
Prefeitura de São Paulo

Na quarta-feira (6 de março), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), expressou sua posição contrária à proposição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal destinada a investigar o Padre Júlio Lancellotti, vinculado à Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica. Os vereadores da cidade deverão tomar uma decisão sobre a matéria na próxima semana.

Nunes, destacando sua fé católica e o respeito que nutre pelo Padre Júlio, afirmou: “Eu acho que não tem nenhum motivo para investigar o padre Júlio”. Apesar de sua visão pessoal, o prefeito frisou que não interferirá no processo legislativo ou nas deliberações dos vereadores sobre o assunto.

A discussão sobre a instauração da CPI emergiu no fim do ano passado, com o vereador Rubinho Nunes (União) propondo a investigação de Organizações Não Governamentais (ONGs) atuantes na área da Cracolândia, no centro da cidade, por supostos desvios de verbas públicas. A narrativa tomou um novo rumo em janeiro, quando Rubinho alterou o foco da CPI para o Padre Júlio, causando a retração do apoio de alguns parlamentares à iniciativa.

Com o retorno das atividades parlamentares em fevereiro, Rubinho e o presidente da Câmara, Milton Leite (União), buscaram impulsionar a decisão legislativa a respeito. Contudo, alegações de abusos sexuais associadas ao sacerdote, levantadas por Rubinho, intensificaram o debate.

Nesta semana, definiu-se que a CPI das ONGs será submetida à votação no plenário, adiando para a semana seguinte a decisão sobre incluir ou não Padre Júlio no escopo da investigação.

Nunes ressaltou a colaboração do Padre Júlio com a Prefeitura, especialmente no apoio a pessoas em situação de rua, mas reconheceu que os vereadores podem dispor de informações adicionais para embasar suas decisões. Ele também mencionou a importância de não se opor a uma CPI focada nos contratos e repasses financeiros entre a Prefeitura e as ONGs, para evitar a impressão de que estaria tentando obstruir a investigação sobre o uso de recursos públicos.

“O que está escrito no protocolo da CPI é para fiscalizar as entidades que tem convênio com a Prefeitura. Eu jamais poderia ser contra”, declarou o prefeito, reiterando seu compromisso com a transparência e a gestão ética dos recursos municipais.