Em um movimento repressivo contra a liberdade religiosa, nove membros das Testemunhas de Jeová foram condenados a penas de prisão que variam entre três e sete anos na Rússia, nesta terça-feira. As condenações, emitidas por um tribunal na cidade siberiana de Irkutsk, têm como base acusações de participação em atividades "extremistas", destacadas por gravações secretas de seus cultos, conforme informado por Jarrod Lopes, porta-voz do grupo.
Em 2017, a Suprema Corte da Rússia rotulou a congregação cristã como uma entidade "extremista", promovendo a dissolução e a proibição de suas atividades em todo o território nacional. À época da proibição, o país abrigava aproximadamente 175.000 praticantes ativos, de acordo com dados do site russo das Testemunhas de Jeová. Desde então, incursões policiais, interrogatórios e detenções têm sido uma realidade constante para os fiéis.
Os condenados, com idades entre 35 e 72 anos, já enfrentavam a dureza da prisão preventiva há mais de dois anos, a maior parte desse período em confinamento solitário, segundo Lopes. A base das acusações repousa em gravações de áudio feitas clandestinamente durante os cultos. Em um episódio recente, uma sentença de oito anos foi determinada a uma Testemunha de Jeová, após a gravação de um culto por videoconferência por um "infiltrado".
Além das severas punições, relatos de tortura por parte das forças policiais, durante invasões domiciliares, têm sido frequentemente denunciados pelos praticantes da fé, embora tais alegações sejam veementemente negadas pelas autoridades russas.
A influência predominante da Igreja Ortodoxa Russa, aliada e defensora do presidente Vladimir Putin, marca o panorama religioso do país. Membros desta corrente ortodoxa classificam as Testemunhas de Jeová, notórias por suas atividades missionárias porta a porta e pela recusa ao serviço militar, como uma "seita totalitária".
Atualmente, segundo informações de Lopes, pelo menos 794 Testemunhas de Jeová enfrentam acusações criminais por suas crenças religiosas na Rússia, com 128 delas já cumprindo penas de prisão. Este cenário sublinha a crescente intolerância e repressão contra minorias religiosas no país, desafiando princípios fundamentais de liberdade de crença e expressão.