Sobrinho de Haddad chefia empresa que movimenta bilhões sem pagar impostos, diz jornal

Desvendando as manobras da gigante de criptomoedas em solo nacional e internacional

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Sobrinho de Haddad chefia empresa que movimenta bilhões sem pagar impostos, diz jornal
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Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, a Binance, uma das líderes do mercado de criptomoedas, enfrenta um escrutínio severo, tanto no Brasil quanto em âmbito internacional. O CEO, Changpeng Zhao, conhecido como CZ, renunciou ao seu posto no final de novembro, em meio a investigações por supostas violações de medidas anti-lavagem de dinheiro e desrespeito às sanções impostas pelo governo americano. Sua confissão é um prelúdio à iminente sentença de prisão que o aguarda.

No cenário brasileiro, a situação da Binance tornou-se particularmente crítica após a CPI das Pirâmides Financeiras. A empresa foi descrita como o veículo predileto para golpes financeiros, culminando no pedido de indiciamento de Nazar, sobrinho de Haddad, e do ex-CEO CZ. A corporação enfrenta acusações de evasão fiscal, sob a alegação de ser uma operadora internacional sem filial fixa no país. Em dezembro, Richard Teng, o novo CEO, esquivou-se habilmente de questionamentos acerca da localização da sede da Binance.

Embora não possua uma sede oficial no Brasil, a Binance mantém uma operação de grande porte no país, incluindo o patrocínio do Campeonato Brasileiro de Futebol e uma equipe de cerca de 200 funcionários. A empresa está envolvida também em um disputa judicial com o banco Acesso, pleiteando R$ 450 milhões.

Guilherme Nazar, ao prestar depoimento na CPI, defendeu que as transações de compra e venda de criptoativos são realizadas por entidades não brasileiras, justificando a não recolhimento de impostos. No entanto, a Receita Federal investiga “possíveis fraudes” por parte de operadoras estrangeiras que atuam no Brasil, burlando o sistema tributário nacional.

A Binance também enfrenta acusações semelhantes em outros países. Nos Estados Unidos, a empresa desembolsou US$ 4,3 bilhões em um acordo para encerrar uma investigação do governo americano. Janet Yellen, secretária do Tesouro, reprovou abertamente a Binance por priorizar lucros em detrimento do cumprimento de obrigações legais.

No Brasil, o ex-CEO CZ e Guilherme Haddad Nazar, foram indiciados pela CPI por violações à lei de crimes contra o sistema financeiro nacional e operação de instituição financeira sem autorização. A Binance, por sua vez, defende-se alegando atuar em conformidade com as regulamentações brasileiras, enfatizando seu apoio à regulação e inovação no setor.

Este caso evidencia uma tendência preocupante no cenário político e econômico brasileiro: a infiltração de empresas estrangeiras que operam à margem da lei, desrespeitando as normas fiscais e regulamentares do país. A Binance, com suas manobras evasivas e desdém pelas leis brasileiras, simboliza um desafio flagrante à soberania nacional e à integridade do sistema financeiro.

A atitude da Binance, que parece se colocar acima das leis nacionais e internacionais, é um reflexo preocupante de uma mentalidade corporativa que prioriza o lucro acima da legalidade e da ética. Este episódio serve como um alerta para as autoridades brasileiras e internacionais, reforçando a necessidade de uma vigilância constante e rigorosa sobre as operações de empresas estrangeiras em solo nacional, especialmente no setor financeiro e tecnológico, onde a transparência e a conformidade legal são fundamentais para a proteção dos consumidores e a estabilidade econômica.

A investigação em curso e as ações tomadas contra a Binance e seus executivos são passos essenciais na luta contra a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro, práticas que corroem a integridade dos sistemas financeiros e prejudicam o desenvolvimento econômico sustentável. Este caso ressalta a importância de uma legislação robusta e de uma fiscalização efetiva para garantir que todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, operem dentro dos marcos legais e contribuam de forma justa para a economia e a sociedade.

É imprescindível que o Brasil continue a fortalecer suas leis e mecanismos de controle para prevenir abusos por parte de entidades corporativas, assegurando que o país não se torne um refúgio para práticas empresariais inescrupulosas. A integridade do sistema financeiro brasileiro e a proteção dos interesses nacionais devem sempre prevalecer sobre os interesses de corporações multinacionais que buscam operar à margem da lei.