O STF pode agir para impedir a cassação do deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio de Janeiro, por quebra de decoro. A articulação levanta suspeitas de interferência judicial com viés político, especialmente diante da ofensiva conduzida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, cujo bloco já aprovou o parecer pela perda do mandato. O caso deve ser votado em plenário, mas ministros ligados ao governo Lula já sinalizam que o Judiciário pode travar o processo.
A possível interferência tem menos a ver com o mérito jurídico e mais com o incômodo crescente de togados com o poder de Lira, principalmente após as denúncias do “orçamento secreto”. A tensão aumentou quando o deputado defendeu a anistia de condenados do 8 de janeiro, acendendo o alerta entre ministros que enxergam nessa movimentação um risco à sua hegemonia institucional.
A jogada política pode ser usada como pressão contra o novo presidente da Câmara, Hugo Motta. "O Hugo é inteligente. Vai medir bem os passos", disse um ministro do governo, prevendo o tamanho do desgaste se a Suprema Corte decidir atropelar o Legislativo. A queda de braço está posta e a Constituição, mais uma vez, corre o risco de virar peça decorativa no jogo de vaidades.