Em um ato de defesa inabalável dos interesses dos produtores de soja e milho, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) tomou a frente na luta contra as adversidades climáticas que comprometem a safra 2023/24. A entidade, sob a liderança de Lucas Costa Beber, dirigiu um ofício à Secretaria de Política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária (SPA/Mapa), delineando uma série de propostas que visam não apenas salvaguardar a produção atual, mas também estabelecer um alicerce sólido para o futuro do agronegócio brasileiro.
As sugestões apresentadas pela Aprosoja-MT ao secretário Neri Geller, refletem uma compreensão profunda das necessidades do produtor mato-grossense. Entre as medidas propostas, destaca-se a alocação de R$ 500 milhões do Tesouro Nacional para o alongamento das dívidas dos agricultores, conforme estipulado pelo Manual de Crédito Rural (MCR). Adicionalmente, a associação propõe a criação de duas linhas de crédito emergenciais: uma em dólares, no valor de US$ 1,95 bilhão através do BNDES, e a outra em reais, estimada em R$ 1,05 bilhão, ambas com condições de financiamento favoráveis.
Além de medidas financeiras, a Aprosoja-MT também busca dialogar com as tradings sobre as cláusulas denominadas washout, reconhecendo as dificuldades enfrentadas por produtores com perdas significativas. A entidade defende a necessidade de reajuste desses percentuais, alinhando-os aos padrões internacionais, demonstrando assim seu compromisso não só com a produção nacional, mas também com a equidade no comércio global.
Um ponto crucial do ofício é a ênfase no fortalecimento do Seguro Rural e no desenvolvimento de novos instrumentos de gestão de risco. Esta abordagem preventiva é vital para assegurar a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, um setor que representa 24% do PIB nacional, segundo estudos do Cepea e da CNA. A Aprosoja-MT destaca a necessidade de ampliação da subvenção ao prêmio do seguro e de adequação do orçamento do Programa de Seguro Rural.
Outro aspecto relevante abordado é a controvérsia em torno da Moratória da Soja. A Aprosoja-MT apela para a SPA atuar pela extinção deste acordo, que proíbe a compra de soja de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia, mesmo que legalmente. A entidade argumenta que a produção sustentável deve respeitar o Código Florestal e os princípios da Constituição Federal, ressaltando a necessidade de equilibrar preservação ambiental e desenvolvimento econômico.
A Aprosoja-MT finaliza seu ofício manifestando abertura para o diálogo contínuo com a SPA, evidenciando sua disposição em colaborar ativamente na construção de políticas públicas eficientes. Esta iniciativa da Aprosoja-MT não é apenas um reflexo da resiliência e do comprometimento dos produtores de Mato Grosso, mas também um modelo de advocacia proativa que deve inspirar e guiar o setor agrícola brasileiro em tempos de incertezas e desafios.