Nas últimas décadas, o Supremo Tribunal Federal passou de guardião da Constituição a protagonista de controvérsias que polarizam o Brasil. Decisões monocráticas e atuações sobre temas políticos inflamáveis transformaram os ministros em figuras centrais da política nacional, ofuscando a separação de poderes. Como destacou o ministro Edson Fachin, "comedimento e compostura" deveriam ser princípios basilares, mas o descumprimento destes leva ao “abismo institucional”.
Exemplos não faltam: Alexandre de Moraes expande atribuições em nome de uma suposta urgência, enquanto Gilmar Mendes reabilita figuras políticas condenadas, minando o combate à corrupção. Por outro lado, decisões como a suspensão de desonerações por Cristiano Zanin aprofundam conflitos entre o Executivo e o Legislativo, levantando suspeitas de interferência. O saldo é um STF que centraliza poder ao custo de sua própria legitimidade.
Ao tentar “recivilizar” o Brasil, como sugeriu Luís Roberto Barroso, o tribunal caminha para a perda de autoridade moral. Quando a Corte extrapola suas funções constitucionais, troca sua essência de Justiça pela de um ator político. O país não precisa de babás institucionais, mas de juízes que respeitem o equilíbrio entre os poderes e trabalhem pelo cumprimento da Constituição.