Em uma decisão surpreendente, o Tribunal de Contas da União (TCU) isentou Carlos Gabas, ex-ministro de Lula e secretário do Consórcio do Nordeste, de qualquer responsabilidade na compra de respiradores durante a pandemia de covid-19. O escândalo envolveu a compra de 300 aparelhos da empresa Hempcare, por R$ 48,7 milhões, que nunca foram entregues. A justificativa de "contexto atípico" foi usada para absolver Gabas, ignorando a gravidade dos erros administrativos e o prejuízo aos cofres públicos.
A decisão do TCU segue na linha de proteger figuras políticas de possíveis responsabilidades. A compra apressada, sem licitação e com pagamento adiantado, reforça a falência da gestão pública em tempos críticos. A justificativa para a agilidade, por mais que faça sentido em situações de emergência, não pode encobrir a falta de diligência e a grave omissão na supervisão das aquisições.
Enquanto o processo se arrasta e o prejuízo permanece, a sociedade paga o preço pela incompetência de uma gestão que, em nome da urgência, não garantiu o controle e a transparência necessários. A omissão e a falta de accountability em casos como esse só reforçam o desinteresse pelas consequências de falhas no uso de recursos públicos.