Técnico da seleção de basquete deixa o cargo em defesa a colega pró-PL do Aborto

José Neto entregou à CBB seu pedido de demissão nesta quinta-feira (27)

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Técnico da seleção de basquete deixa o cargo em defesa a colega pró-PL do Aborto
José Neto (dir.) com o preparador físico Diego Falcão, ambos desligados da Seleção Brasileira Feminina de BasqueteInstagram/@netobasket

José Neto não é mais técnico da Seleção Brasileira Feminina de basquete. O treinador entregou nesta quinta-feira (27) seu pedido de demissão depois que o preparador físico Diego Falcão, que integrava sua comissão técnica, foi desligado da equipe.

Falcão havia sido demitido após as atletas manifestarem incômodo com o fato de o preparador ter se manifestado favoravelmente ao Projeto de Lei 1.904/2024, conhecido como PL do Aborto, que tramita na Câmara dos Deputados.

Em comunicado publicado nas redes sociais, Zé Neto defendeu o colega e falou em “princípios e valores da minha fé” para justificar o desligamento da seleção.

“Diante dos últimos acontecimentos envolvendo o preparador fisico da Seleção Brasileira feminina de basquetebol Diego Falcão, profissional com quem trabalho há 17 anos e sempre escolhi para estar comigo nos últimos clubes e seleções em que fui o treinador; também seguindo os princípios e valores da minha fé, da qual devo tudo o que sou e tenho, quero comunicar que hoje deixo meu cargo de treinador da Seleção Brasileira Feminina de Basquete”, disse o técnico no Instagram.

“Serei eternamente grato à minha Comissão Técnica, mais especificamente aos meus assistentes diretos João Camargo e Virgil Lopez e, logicamente, ao preparador físico Diego Falcão, assim como a todas as pessoas que fizeram parte deste grupo de trabalho em seus mais diversos setores. Também, todo o sentimento de gratidão a cada atleta que fez parte desta nossa jornada e que não mediu esforços para elevar ainda mais o nível do basquete feminino brasileiro”, prosseguiu Zé Neto.

No comando da Seleção Brasileira Feminina de basquete, o treinador foi bicampeão dos Jogos Pan-Americanos, campeão Sul-Americano e campeão da AmericupW.

“A Basquete Brasil agradece ao técnico pelo seu trabalho nesses anos e deseja boa sorte na sequência da sua carreira profissional”, disse a Confederação Brasileira de Basquete em nota.

Entenda o caso

Na última sexta-feira (21), Diego Falcão compartilhou uma postagem do Padre Paulo Ricardo, em que dizia: “Eu não sei como você foi concebido, se em pecado, não sei se nasceu de um estupro ou de um casamento sacramentado, não me importa. Desde toda a eternidade Deus sonhou com você! A vida não é um fardo, meu irmão, é uma benção.”.

O preparador físico corroborou as palavras do religioso com a frase “simples assim” e depois compartilhou uma ilustração de Madre Teresa de Calcutá segurando uma criança no colo com o texto creditado a ela: “Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar qualquer violência para conseguir o que deseja”.

As publicações geraram desconforto entre as atletas, que apontaram minimização da violência sexual contra a mulher. Alegaram que caso uma delas sofra qualquer tipo de violência e reporte junto à comissão, elas se sentiriam desprotegidas perante à equipe técnica. Clarissa e Damiris se posicionaram em suas redes sociais e foram acompanhadas de outras atletas.

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) acolheu as reclamações das jogadoras e dispensou Diego Falcão da Seleção.

Na segunda-feira (23), o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ) publicou nas redes sociais que a postura da CBB foi vergonhosa e que protocolou junto à Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados um convite ao Presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Guy Peixoto Jr., para esclarecimentos.

O técnico da seleção brasileira de basquete, José Neto, curtiu a postagem, aumentando o desconforto entre as atletas. Diego Falcão também recebeu apoio de outro parlamentar, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que manifestou solidariedade nas redes sociais.

A CBB disse que não irá se posicionar sobre o caso.

Fonte: CNN Brasil