TSE descarta 200 mil urnas e escancara fragilidade do sistema eletrônico

Renovação do parque tecnológico levanta questionamentos sobre segurança e transparência eleitoral

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TSE descarta 200 mil urnas e escancara fragilidade do sistema eletrônico
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou o descarte de 195,22 mil urnas eletrônicas do modelo UE 2009, classificadas como obsoletas após anos de uso. O volume expressivo de equipamentos aposentados acende um alerta sobre a durabilidade e confiabilidade do sistema eletrônico, que, mesmo com repetidos questionamentos, segue sem auditoria plena e sem mecanismos que garantam total transparência no processo eleitoral. O descarte, iniciado em agosto de 2024, faz parte do Plano de Logística Sustentável da Justiça Eleitoral, sob a justificativa de modernização para as próximas eleições.

As urnas são desmontadas em Guarulhos (SP) pela empresa NGB Recuperação e Comércio de Metais, sob supervisão do TSE. O processo envolve a separação de componentes, com 98% dos materiais sendo reciclados. No entanto, a substituição em larga escala dessas máquinas coloca em pauta a real confiabilidade do sistema eleitoral, que depende exclusivamente de equipamentos eletrônicos sem um meio físico de conferência. A ausência de cédulas físicas impede a recontagem de votos, tornando qualquer dúvida sobre os resultados uma questão de fé no sistema, em vez de um processo passível de verificação concreta.

Até o momento, quase duas toneladas de peças já foram descartadas, incluindo baterias e componentes internos. O TSE alega seguir protocolos ambientais rigorosos, mas ignora a crescente demanda por maior transparência e segurança na votação. A renovação dessas urnas deveria vir acompanhada de garantias reais de confiabilidade, como mecanismos que permitam auditorias independentes. Sem isso, a modernização se torna apenas uma mudança cosmética, sem resolver o problema central: a falta de plena confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.