Um país de cabeça para baixo

Quando a lógica é distorcida, o absurdo vira regra e a esperança resiste no tabuleiro da fé

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Um país de cabeça para baixo
Reprodução

Por: Gustavo Chaves Lopes / @gustavochlopes

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou um mapa-múndi invertido, com o Brasil no centro. O que poderia parecer uma piada (será que pode?) era, na verdade, um documento oficial do órgão e, segundo seu presidente – uma pessoa com sérios déficits cognitivos –, “contribui para divulgar o novo formato cartográfico de um mundo em transformação”. É lógico que se trata de uma estupidez sem tamanho, fruto dessa ideologia imbecilizante chamada esquerda. Mas, ainda que seja ridículo sob todos os aspectos, não deixa de ser uma leitura precisa do que vivemos hoje: um país de cabeça para baixo.

Para começar, temos um ladrão na Presidência da República (ou será fruto de imaginação coletiva que ele foi condenado em todas as instâncias e preso por corrupção?), que viaja o mundo às nossas custas, gastando milhões em hotéis de luxo para sua dama de companhia e toda sua comitiva. Um sujeito que mente em quantidades industriais sempre que abre a boca, mas se considera uma bênção divina para o povo.

Temos também comediantes sendo condenados a penas absurdas por contar piadas. E por que a esquerda não suporta o humor? Porque o humor só funciona quando tem um fundo de verdade – ainda que as piadas sejam polêmicas, ácidas ou desconfortáveis. É por isso que a esquerda não consegue fazer humor: seu idioma é a mentira, e a mentira não funciona como piada. Então, que os memes sejam condenados, já que incomodam demais.

Por outro lado, assistimos a traficantes sendo soltos e festejados na porta das cadeias. “Cantores” que idolatram bandidos e influenciam milhões de jovens a fazer o mesmo – tudo com incentivo institucional do sistema judiciário e do poder executivo. “Artistas” vinculados a organizações com claras ligações com grupos terroristas, embora o governo se recuse a admitir essa obviedade. Por que será? Mas experimente escrever com batom numa estátua: as penas serão maiores do que para assassinos e estupradores.

Nesse mundo invertido, temos também um Judiciário que se intromete em fazer leis – em vez de guardá-las – e que pune parlamentares justamente por desempenharem suas prerrogativas. Juízes que se declaram políticos opinam sobre absolutamente tudo e se colocam como uma casta especial, acima da lei e acima de todos. Esses mesmos agora querem proibir a liberdade de expressão. Justamente porque ela ainda permite que a população não seja obrigada a engolir a narrativa combinada (literalmente) com uma imprensa abjeta, que há muito abriu mão de seu papel. Mas tudo isso, claro, “em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito”. Isso, sim, é uma piada!

Mas... ainda que tudo pareça perdido, é preciso que as pessoas normais e comuns mantenham a fé. Há um quadro no Museu do Louvre, conhecido como Xeque-mate (originalmente Os Jogadores de Xadrez), pintado por Friederich Retzsch. Nele, um jovem disputa uma partida com o diabo que, com expressão de arrogância, vê o desespero do rapaz de quem está prestes a ganhar a alma com um xeque-mate. No entanto, muitos anos depois, um jogador de xadrez analisou o tabuleiro retratado na pintura e percebeu que o jogo não estava perdido: o rei ainda podia fazer um movimento.

Então, neste mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus (e não às besteiras da moda), lembremo-nos de que o Rei sempre tem um movimento a fazer – e que o jogo não está perdido. Ainda que tudo pareça de cabeça para baixo.