Em um cenário onde as negociações entre o Mercosul e a União Europeia encontram-se estagnadas, o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, propõe uma expansão das relações comerciais do Brasil com outras regiões globais, enfatizando os Brics, o Oriente Médio, Ásia e África como alternativas viáveis. Em suas declarações à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (5 de fevereiro de 2024), Fávaro reconheceu os esforços do governo para finalizar o acordo com a UE, porém, diante da falta de avanço, atribuída em parte à resistência francesa, sugere a busca por novos horizontes comerciais.
"Embora desejemos fortalecer nossas conexões com a União Europeia, principalmente no setor agrícola, a ausência de progresso nos leva a explorar outras oportunidades comerciais. O presidente Lula está empenhado em promover o desenvolvimento econômico por meio de parcerias estratégicas com os Brics e países do Sul Global", expressou o ministro, evidenciando uma postura proativa diante das adversidades.
Fávaro também abordou os desafios enfrentados pelo agronegócio brasileiro, particularmente aqueles decorrentes de adversidades climáticas. Ainda assim, ressaltou a atenção do governo às repercussões dessas condições na produção e nos preços dos alimentos, buscando dissipar a percepção de que o governo seria responsável por tais intempéries ou pelas flutuações de mercado.
No intuito de alinhar a produção agrícola às demandas ambientais globais, o ministério está desenvolvendo um plano para auxiliar os produtores rurais a cumprirem as normativas ambientais, sinalizando um esforço de aproximação do setor agrícola, tradicionalmente mais vinculado à gestão anterior de Jair Bolsonaro.
"O panorama para a agropecuária nacional é extremamente promissor. Nos últimos cinquenta anos, o Brasil emergiu como um líder global na produção de alimentos, com vasto potencial para expansão. É possível ampliar a área cultivável e otimizar a pecuária sem necessidade de avançar sobre áreas florestais", afirmou Fávaro.
Reiterando o compromisso do Brasil com a sustentabilidade, o ministro destacou a possibilidade de crescimento agrícola sem recorrer ao desmatamento, enfatizando a importância do cumprimento do Código Florestal e a meta de desmatamento zero, começando pelo combate às práticas ilegais. Esta postura reflete uma visão de futuro onde o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental caminham lado a lado.